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sábado, 26 de setembro de 2009

Festival do Rio 2009: "Viajo porque preciso, Volto porque te amo"



O novo filme de Marcelo Gomes, "Viajo porque preciso, Volto porque te amo", está na programação do festival do Rio 2009 e fala sobre amor(?) com uma perspectiva completamente inédita, além de abordar outros inúmeros assuntos.

José Renato (Irandhir Santos) atua no filme como narrador e personagem principal, sem aparecer em nenhuma cena, vivendo a história de um geólogo que viaja através do nordeste brasileiro, fazendo uma pesquisa de campo para a criação de um canal que será construído, a partir do desvio das águas do único rio da região. Apesar da viagem parecer somente a trabalho, percebemos que o protagonista traz consigo a agonia de um amor que não deu certo. Nessa trajetória, vamos acompanhando o diário de bordo, com cenas dos lugares por onde passa, mostrando toda a solidão e abandono que a região (e inclusive as pessoas) sofre. Soando por alguns momentos como um documentário, acredito que nunca vi nada parecido.

Como se fosse uma forma expressionista de mostrar um sentimento, cada imagem sofre junto com José Renato. O filme é completamente desfocado, com imagens barulhentas da estrada e aspecto bem descuidado - recurso que foi usado com muita propriedade e segurança. As sequências expressam a confusão do personagem e toda a sua angústia, sendo assim, nada melhor do que utilizar uma linguagem estética para tocar o espectador da forma certa. Com um "final sem fim", ficamos estatelados na cadeira com uma tristeza no peito. Acho que todos saem tocados do cinema exatamente como deveriam. Mesmo que o público fique irritado com o desfoque, barulhos estrondosos, tremor, escuridão, falta de enquadramento - como eu fiquei - e inúmeros outros recursos usados da lista: "o que não se deve fazer num filme", você tem a certeza de que nada ali está em vão. Aí você perdoa o diretor pela dor de cabeça do fim da sessão e percebe que o filme tem o seu valor, além do título ser no mínimo, intrigante.

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domingo, 20 de setembro de 2009

Se Beber, Não Case!

Depois de escutar muitos elogios, ler muitas críticas positivas, me rendi e assisti ao novo filme de Todd Phillips: Se beber, não case. Pode ser meio preconceituoso da minha parte, mas tenho que admitir que comédias com esses títulos já estão padronizadas e esteriotipadas na minha cabeça, o que faz eu não querer vê-las nem se for de graça. Mas fui e caí nas garras do humor americano. Estou até agora tentando entender o que há de tão engraçado nesse filme. Fui assisti-lo com a esperança de ver algo realmente novo, mas me decepcionei.

A trama mostra a viagem de um grupo de amigos que vão para Las Vegas para comemorar a despedida de solteiro de um deles. Ao chegar em seu destino, o grupo bebe um pouco além do que deveria e acordam no dia seguinte com o apartamento destruído, com amnésia e sem o noivo. Agora, o objetivo é tentar lembrar o que eles fizeram na noite passada o mais rápido possível e achar o amigo, para que ainda dê tempo de chegar ao casamento.

Situações catastróficas vão acontecendo, cada solução encontrada pelos rapazes parecem ir piorando a situação. Temos até Mike Tyson fazendo uma ponta na comédia. Porém, o humor usado não me atingiu. É desconfortante assistir algo onde todos riem sem parar e você não esboça um sorriso. Fiquei me sentindo culpada e tentando achar a graça naquilo tudo que estava acontecendo na minha frente, falhei.

Ponto alto são as músicas usadas na trilha, como "Candy Shop" (música picante do 50cent) que é cantada numa versão devagar e inocente, como se nada de pornográfico estivesse sendo dito. Mas ainda sim, o filme não me fez dar nenhuma gargalhada. Acabo concluindo que o longa foi produzido para um público alvo: homens. Parece um humor tipicamente masculino, pois acredito que os rapazes se identifiquem com toda a situação que se desenrola. Tudo bem que todos nós podemos ser vítimas de uma ressaca monstro, mas o que diferencia os sexos são as atitudes tomadas para resolver o problema. Não sei se isso foi uma conclusão coerente ou se eu simplesmente estou tentando achar uma desculpa para minha "falta de humor". Este filme foi mais uma prova - para mim - que não devemos acreditar na crítica.

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sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Aqua Teen: Esquadrão Força Total

Este post é voltado para os fãs de desenhos de humor negro, subversivo, cheio de palavrões e absurdos. Já conhecido pelo canal Cartoon Network, Aqua Teen Hunger Force ou em português, Aqua Teen: Esquadrão Força Total é um desenho que é exibido na programação adulta[adult swim] e virou filme.

Trata-se de um grupo de amigos que moram juntos (super-heróis?), que resolvem descobrir suas origens. Porém, durante essa busca eles deparam com uma máquina de exercícios intergalática (Insanoflex), que se for totalmente construída será uma ameaça à paz da galáxia. Nossos heróis serão obrigados a enfrentá-la, para impedir que o universo seja destruído.

Os personagens principais que formam o time são: uma batata frita gigante ( "Batatão") super inteligente, educado e que solta raio pelos olhos quando é preciso, um milk shake tamanho grande (líder da trupe - "Mestre Shake") , egocêntrico, sádico e pornográfico, uma almondega (macho), que pode se transfomar em qualquer coisa (mesmo não usando muito essa função), que é super doce e com um bom coração. Ainda temos um humano, chamado Carl (vizinho do Aqua Teen), um gordão viciado em pornografia. Dr. Esquisito um cientista maluco e seu assistente Steve. Pouca insanidade, não?

O filme (de 86 minutos) é tão nonsense quanto o desenho (de 11 minutos), vale assistir, mesmo não tendo nada de construtivo, pois serve para preencher as tardes inúteis com boas gargalhadas.

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terça-feira, 15 de setembro de 2009

Anticristo

Resolvi ir ao cinema assistir "Anticristo". Fiquei em dúvida se deveria postá-lo ou não, por dois motivos: está muito fresco na memória, poderia escrever spoilers sem perceber e porque ainda estava em choque com tudo que foi visto. Depois de dois dias ruminando o longa, engoli.

(não contém spoilers)

Anticristo, foi feito para massa detestar, para os cults discutirem eternamente, para dividir a crítica e fazer o diretor ser xingado em Cannes. Lars Von Trier (conhecido por longas-metragens como "Dançando no escuro", com Björk, e "Dogville", com Nicole Kidman, além do movimento cinematográfico Dogma 95, do qual é co-fundador) é um diretor excêntrico que, acreditem em mim, ficará marcado na história do cinema, seja para o bem ou para o mal.

O filme conta o drama de um casal que sofre a perda de seu único filho. A mãe da criança enlouquece e seu marido que é psicanalista, tenta ajudá-la a superar o luto levando-a para onde mais sente medo. Segundo ele, é a melhor forma de enfrentar a situação. Este lugar é uma floresta chamada Éden e é lá que a trama se desenrola. A mulher passa a viver entre realidade e devaneios, fazendo o sofrimento atravessar a tela.

Lars fez um trabalho maravilhoso. A primeira sequência (Prólogo), onde acontece o acidente com a criança enquanto o casal faz sexo, é brutalmente linda. Mostrada em slow motion – filmada com a câmera PHANTOM HD, que grava mais de mil quadros por segundo (alta velocidade) – em preto e branco , acompanhada de música clássica. Uma cena digna de choro, belíssima. Dividido em mais 4 capítulos e Epílogo, percebemos uma despreocupação com a continuidade e cortes brutos, o que foi maravilhoso e permitiu que o filme não ficasse arrastado. Usa-se muitos closes, planos incomuns, cenas fortes de embrulhar o estômago e áudio impecável. Willem Dafoe e Charlotte Gainsbourg – o casal, atuam sozinhos durante todo o longa, mostrando um trabalho magnífico de interpretação.

Ouvi muitas pessoas dizendo que as cenas de mutilação e sexo são gratuitas, mas discordo desta afirmação. Acredito que tudo foi colocado em seu lugar na densidade certa. Na verdade, quase tudo. Tem uma cena que pecou sim, mas esta não tem a ver com os temas citados e o motivo de detestá-la é extremamente pessoal. A obra soa como um grande quebra cabeça audiovisual. É recheado de dicas que se interligam e dão sentido ao que é mostrado. Há muito tempo não assistia algo tão desconfortável e maravilhoso. O filme é pesadíssimo, te toca profundamente e deixa agoniado. Traz tudo que a sétima arte pode e deve provocar: emoções.

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domingo, 13 de setembro de 2009

A viagem de Chihiro


A viagem de Chihiro (2001) é uma animação japonesa, dirigida e escrita por Hayao Miyazaki, que é vencedora de inúmeros prêmios, incluindo o oscar de melhor animação. Não era pra menos.
O filme narra a viagem da garotinha que está de mudança, porém no caminho, seus pais pegam um atalho e acabam conhecendo uma cidade aparentemente abandonada. Neste local, a menina tem a família transformada em porcos e descobre que tem a companhia de espíritos. A partir daí, ela passa a se aventurar nessa cidade e é obrigada a vencer seus medos para salvar os pais e voltar para casa.

São 125 minutos de pura arte. É sensível e agradável , sem aquela chatice apelativa emocional, trilha sonora impecável, rico em cores que dão uma energia à história triste da menina. Me fez recordar o maravilhoso "Alice no País das Maravilhas", ( de Lewis Carroll - adaptada pela Disney ) pois além do colorido, temos seres fantásticos com um humor peculiar. Durante todo o filme Chihiro supera seus medos, se adapta à situações, aprende com os outros personagens e os ensina muito também. Comparando o comportamento da protagonista no início com o fim da animação, fica evidente a evolução que ocorreu. O mesmo acontecerá com espectador que conseguir captar toda a beleza que o filme tem a oferecer.
Uma das melhores animações que já assisti.

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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A primeira página

Reprodução
Em tempos de dificuldade, rir ainda é o melhor remédio. Definitivamente. O ditado traspassa os anos isolado. Intocável. A primeira página (The Front Page, 1974), de Billy Wilder (Crepúsculo dos deuses, 1950), ainda traz - acreditem! - um humor sem exageros. Bem dosado.

Ambientado na década de 30, Hildy Johnson (Jack Lemnon) é principal repórter de um jornal de Chicago que, saturado de sua vida enfadonha, resolve abrir mão de sua carreira para se casar com Peggy Grant (Susan Saradon). Porém, seu obstinado editor, Walter Burns (o famoso Walter Matthau), para não perder seu melhor funcionário em plena cobertura de uma condenação à pena de morte, promete fazer de tudo para ter sua matéria.

É possível, ainda, repararmos o árduo cenário dos jornais da época e vislumbrarmos, no início da película, com nitidez, a origem do nome imprensa, que usamos a torto e a direito por aí. Eis, por fim, uma divertida e contida comédia.

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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Cães de Aluguel



Naturalmente nenhuma pessoa precisa escrever nada sobre os filmes do Quentin Tarantino, pois estamos todos carecas de saber que ele é "O Cara". Falo isso como fã que já assistiu todos os seus trabalhos e como estudante de cinema. Independente de você gostar de filmes violentos, temos que admitir que os roteiros são fabulosos, com diálogos memoráveis e inteligentes. Então, hoje resolvi escrever sobre Cães de Aluguel (Reservoir Dogs, 1992), o primeiro filme d'O Cara.

Com um elenco quase totalmente masculino, Cães de Aluguel conta a história das consequências sangrentas de um roubo de diamantes que deu errado. Um grupo de criminosos atuam juntos no roubo, mas nenhum deles sabe a verdadeira identidade do outro, para que se torne impossível qualquer tipo de denúncia caso forem pegos. Sendo assim, os personagens são apresentados com apelidos, como: Mr. Pink, Mr. White, Mr. Brown, Mr. Blonde, Mr. Blue, Mr. Orange...
A partir daí, só precisamos relaxar na poltrona e assistir tudo que o Tarantino é capaz. Neste filme percebemos nitidamente a habilidade do diretor/roteirista de deixar o espectador estatelado na cadeira, impressionado com cada revelação da trama. As besteiras que os personagens falam durante o longa não são colocadas sem propósito, pelo contrário, são elas que fazem você desvendar a personalidade de cada um. As referências musicais usadas são ótimas e trazem um humor típico dos filmes do Quentin. Um exemplo disso é a cena dos criminosos reunidos, discutindo sobre o significado da música "Like a Virgin" da Madonna. Esta mesma me faz recordar a sequencia inicial de Pulp Fiction - Tempos de Violência (1994), onde temos um casal numa lanchonete, também discutindo (mais um marco do cinema na minha lista pessoal).

É muito esquisito escrever sobre filmes famosos e consagrados, pois parece que tudo já foi dito e que não há nada mais para explorar. Porém, Tarantino tem um magnetismo no seu trabalho fazendo com que quanto mais vezes for assistido, mais vezes é aclamado. Se eu puder indicar algum filme a alguém que não o conhece, eu diria se hesitar: assista todos.

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segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O retorno de um herói

O retorno de um herói (Taking Chance, 2009), de Ross Katz, é mais uma das lamentáveis “obras-justificativa” (com o perdão do silogismo) americanas para legitimar, a maciça presença no Iraque – um dos países do “eixo do mal”, conclamado pelo então presidente George W. Bush.
A obra (biográfica) trata basicamente da peripécia e burocracia em escoltar um ex-combatente, morto em guerra, até sua cidade natal. O Tenente-coronel Michael Strobl (Kevin Bacon) se encarrega, voluntariamente, de escoltar o corpo de Chance Russel Phelps. Ainda que trate exaustivamente desta jornada, Taking Chance não chega a ser cansativo, mesmo porque essa é uma das características do cinema norte-americano, segundo conclusões do cineasta e teórico russo, Lev Kulechov, quais sejam: “o sucesso do filme americano se deve ao ritmo rápido de sua montagem”. Muito embora eu não acredite que a obra aqui abordada tenha sido e/ou venha a ser um sucesso, o traço característico da montagem pode ser observado ao longo da trama.

Através de seguidos apelos emotivos (as crianças me parecem a maior prova disso – em minha opinião, covardia tamanho apelo), o filme tende a nos levar à compreensão única de que os americanos não são nada além de meras vítimas de todo o processo; quando, na verdade, tomamos conhecimento de difamações, alegações totalmente equivocadas acerca do Iraque (pelo governo à época vigente), como a de afirmar (novamente para justificar!) que o país iraquiano tinha armas de destruição em massa – o que fora desmentido depois.

Talvez para não soar totalmente inverossímil, há uma passagem que um amigo dos militares que foram ao Iraque, pondera ao oficial Michael Strobl, rapidamente, mas com uma ressalva: “Eu tenho que ser honesto / Sem ofensas, mas... / Eu não entendo o que estamos fazendo lá”. Fora isso, não há qualquer refutação. Só o que podemos ver é: patriotismo exacerbado (ufanismo), solidariedade à vítima etc. No fundo, se analisarmos friamente, é natural que tenha sido assim, dado que a obra tinha um objetivo muito claro: vitimizar, sobretudo e através da homenagem póstuma a Chance Russel Phelps, a nação estadunidense.

O que Kulechov não previu (até porque não havia mesmo como prever) foi que os subterfúgios são tal qual o ritmo da montagem, comuns características dos americanos há algum tempo para legitimar suas lastimáveis ações, que não se sustentam sob ótica nenhuma.

Lamento por Kevin Bacon, ator renomado com importantes indicações – uma delas inclusive ao Globo de Ouro, por sua participação em Rio Selvagem (1995) –; e que admiro, ter se submetido a esta farsa – ainda que tenha sido mais uma louvável atuação no papel do oficial Strobl.

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sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O Sétimo Selo

Um dos meus filmes favoritos, O sétimo selo (de Ingmar Bergman, 1956), aborda tema tabu na cultura ocidental, a morte.
O filme se passa na Idade Média, onde o cavalheiro Antonius Block volta das cruzadas e encontra seu país devastado pela peste. Com seu fiel escudeiro , Block observa a destruição prevista na Bíblia (o título do filme foi tirado do livro do Apocalipse) e dá de cara com a Morte, que veio para levá-lo também. Block então, querendo viver para responder suas questões internas, sobre fé, temores, existência de Deus, humanidade, etc., desafia a Morte para um jogo de xadrez, que inclusive foi parodiada em inúmeros filmes como A última noite de Boris Grushenko (Woody Allen), Bill e Ted - Dois loucos no tempo (Peter Hewitt), A máscara Mortal (Roger Corman), entre outros.

Simplesmente brilhante, obra prima de Bergman, o filme traz assuntos que são questionados até hoje pela humanidade, celebra os prazeres mais simples, aponta os tormentos mais complexos e algumas vezes é cômico. Os cenários são simplórios, a maquiagem dá um aspecto realista, o roteiro com falas bem claras, um filme rico em metáforas introduzidas em seus diálogos, uma obra de arte completa com uma das cenas mais fabulosas da sétima arte (A Morte sentada com o cavalheiro jogando xadrez). Pra completar ele é todo feito em preto e branco, com boas jogadas de sombra e luz, trazendo à tona o prazer de se assistir um filme antigo. (saudosismo :P)

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