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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Tokyo!


Já experimentou assistir um filme que é feito por vários diretores, sendo cada um responsável por uma história diferente? Percebeu como variam os gostos, atores, roteiros, mas no final tudo fica harmônico? Se você nunca assistiu a um filme assim, deveria começar por Tokyo!.

Michel Gondry (O brilho eterno de uma mente sem lembranças), Leos Carax (The Lovers on the Bridge) e Joon-ho Bong (Memórias de um assassino) são os responsáveis por esse longa que reúne histórias que se passam na cidade de Tokyo e dividem além do cenário, o sentimento de ser um "outsider" com sua devida dose de esquisitice - no seu melhor sentido.

Sendo assim, os segmentos são divididos em "Interior Design", "Merde" e "Shaking Tokyo". O primeiro conta a história de um casal que tenta se adaptar à cidade, o segundo traz uma criatura esquisita que sai de um bueiro aterrorizando a cidade e o último é sobre um jovem isolado que após um terremoto se apaixona por uma entregadora de pizza. Sei que isto soa muito estranho e completamente sem nexo, mas acredite que é muito divertido de assistir. É tão belo ver a mente dos três diretores trabalhando sobre um mesmo 'tema' e a capacidade de cada um deles produzir algo tão diferente e surreal. E é aqui que reside o grande prazer de assistir Tokyo!, sair das convenções, se deixar levar pela fantasia que se materializa na tela do cinema e compartilhar a sensibilidade de enxergar de perto esses elementos que vivem numa megalópole. Muita gente vai achar ruim, tenho plena consciência, mas acho que pelo menos a experiência de assistir um filme dessa natureza é válida, nem que seja para odiá-lo.

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Cisne Negro


"Poderoso" seria um bom adjetivo para descrever Cisne Negro (Black Swan, 2010/estreia no Brasil 2 de fevereiro de 2011), novo filme de Aronofsky que tem em sua carreira trabalhos maravilhosos como O Lutador (2008) e Réquiem para um Sonho (2000). Novamente somos surpreendidos pela incrível combinação de fatores - atuação, fotografia, figurino, maquiagem - que inebriam o espectador.

Nina (Natalie Portman) é uma bailarina de uma companhia de dança que é consumida completamente pela sua profissão. O diretor artístico do ballet (Vincent Cassel) decide aposentar Beth (a primeira bailarina) para produzir uma nova temporada - O Lago dos Cisnes* - e Nina vê sua oportunidade de finalmente brilhar e ser reconhecida. Depois de testes, Nina consegue ser escolhida para estrelar o espetáculo, embora não imagine todas as dificuldades que vai enfrentar para dançar o Cisne Negro.

Além de uma história muito interessante, Aronofsky aproveita muito bem o ballet de Tchaikovsky para produzir lindas cenas de dança que não seriam nada sem a fotografia de Matthew Libatique (que também trabalhou em Réquiem para um sonho, Tudo está iluminado, Homem de Ferro 1 e 2). A sequência inicial já incita o que está por vir nos 108 minutos perturbadores. Natalie Portman tem uma performance brilhante, assim como os atores Vincent Cassel e Mila Kunis, que são fundamentais para o constraste com a personagem Nina. Maquiagem e figurino também merecem ser destacados, assim como a trilha sonora produzida por Clint Mansell - que já foi elogiado no post anterior.

Já assisti Cisne Negro duas vezes e pretendo assistir sua estreia em fevereiro, pois é aquele tipo de filme que quanto mais se vê, mais se gosta, além de ser rico em detalhes que vão sendo descobertos aos poucos. Este com certeza merece o valor de seu ingresso.

* Balett dividido em IV atos onde uma princesa é transformada em cisne; O encanto só será quebrado se alguém puder amá-la.

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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Moon


Moon (2009), dirigido por Duncan Jones (filho do roqueiro David Bowie) além de ser um grande filme de ficção científica, contempla o gênero drama muito bem. Entre inúmeros aspectos positivos sobre essa película, acho justo começar pelo pôster notável (que pode ser visualizado em maior tamanho ao clicar na imagem). A história poderia cair nos clichês manjados da ficção, como invasões alienígenas, computadores revoltados, mas Moon vai muito além. Aqui a preocupação gira em torno do personagem Sam Bell (interpretado por Sam Rockwell), astronauta em missão contratado pela indústria Lunar, encarregado de supervisionar extração de hélio na lua para fornecimento de energia ao planeta Terra. Este é apenas o pano de fundo de uma história muito mais profunda que se desenrola ao sabermos que Sam está afastado de sua filha e esposa há quase três anos. Sua única companhia é o robô Gerty (dublado por Kevin Spacey) que nos lembra - inevitavelmente em um primeiro momento - o famoso Hal 9000, o vilão de 2001: Uma Odisséia no Espaço. Inevitável a comparação, mas logo conseguimos distinguir nitidamente as diferenças entre os robôs. Enquanto Hal 9000 é malvado, Gerty é atencioso e quase carinhoso.

Devido ao isolamento extremo, Sam sofre de uma crise existencial que será agravada por outros elementos da trama que eu devo manter em segredo para os que ainda não tiveram a oportunidade de assistir. Vale lembrar que além da história ser atraente, a atuação de Sam Rockweel é digna de estatueta e já vale o filme. Embora seja ficção científica, o público é envolvido pelo filme devido ao seu caráter dramático ao retratar as angústias humanas como a solidão, melancolia, perda e isolamento, sentimentos que todos nós tememos. Outro ponto positivo para a obra do iniciante Duncan Jones é a fotografia realista feita por Gary Shaw e trilha sonora executada pelo genial Clint Mansell, respeitável por Requiem Para um Sonho (2000), O Lutador (2008) e o aguardado Cisne Negro (2010).

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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

RED - Aposentados e Perigosos

John Malkovich interpreta Marvin Boggs

Adaptado do quadrinho de Warren Ellis e Cully Hammer, RED - Aposentados e Perigosos estreou esse ano nos cinemas como uma surpresa boa. Liderado pelo conhecido Bruce Willis (o eterno John McClaine de Duro de matar), o elenco conta com Morgan Freeman, John Malkovich e Mary-Louise Parker (conhecida pela série Weeds).

Tudo começa quando o ex-agente da CIA Frank Moses (Bruce Willis) se torna alvo da própria agência. Essa perseguição se dá ao longo da trama, envolvendo outros ex-agentes e ainda Sarah (Mary-Louise Parker) que não deveria estar ali. Mentiras clássicas de filmes de ação à parte, o longa de Robert Schwentke surpreende positivamente pela dosagem cômica atribuída aos personagens Sarah e Marvin Boggs (John Malkovich). A primeira é extremamente espontânea e simpática. O segundo cativa pela seu eterno estado de neurose e acidez. Já na dosagem de ação, Schwentke também acerta usando as velhas fórmulas - as famosas mentiras que contradizem as leis da física. RED cumpre bem o papel de entretenimento e até se destaca dentro dos filmes de seu gênero, além de trazer um elenco de primeira.

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domingo, 5 de dezembro de 2010

"É difícil dizer se o mundo em que vivemos é uma realidade ou um sonho"


Nada como um bom cinema oriental para percebermos a força da famigerada frase "uma imagem vale mais que mil palavras". Casa Vazia (Bin-Jip, 2004) é um filme coreano do diretor Kim Ki-Duk que mostra muito bem como contar uma história somente pelas imagens.

Um rapaz vagueia pelas ruas colando panfletos na porta das residências e ao descobrir que a casa está vazia, a invade e mora como se fosse o dono do lugar. Isso inclui lavar as roupas, cozinhar, cuidar do jardim e fazer pequenos consertos em objetos domésticos. Até que um dia a casa invadida não está tão vazia assim e ele encontra uma mulher que acabou de apanhar de seu marido. Desde seu primeiro momento, Casa Vazia enaltece o silêncio e o utiliza como grande aliado para o desenrolar da trama. O filme é uma aula de técnica e linguagem cinematográfica, onde o uso magistral da câmera nos contempla com belíssimas elipses. É repleto de metáforas sobre a vida e nos deixa surpresos com a sua capacidade de unir "sonho" e "realidade". Tem a duração ideal, os atores competentes, ritmo lento sem ser tedioso. Kim Ki-Duk fez um trabalho belíssimo e poético. Prova que nem sempre o glamour e efeitos especiais são fundamentais para se fazer um bom filme. Neste caso até as palavras são dispensáveis.

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