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terça-feira, 15 de setembro de 2009

Anticristo

Resolvi ir ao cinema assistir "Anticristo". Fiquei em dúvida se deveria postá-lo ou não, por dois motivos: está muito fresco na memória, poderia escrever spoilers sem perceber e porque ainda estava em choque com tudo que foi visto. Depois de dois dias ruminando o longa, engoli.

(não contém spoilers)

Anticristo, foi feito para massa detestar, para os cults discutirem eternamente, para dividir a crítica e fazer o diretor ser xingado em Cannes. Lars Von Trier (conhecido por longas-metragens como "Dançando no escuro", com Björk, e "Dogville", com Nicole Kidman, além do movimento cinematográfico Dogma 95, do qual é co-fundador) é um diretor excêntrico que, acreditem em mim, ficará marcado na história do cinema, seja para o bem ou para o mal.

O filme conta o drama de um casal que sofre a perda de seu único filho. A mãe da criança enlouquece e seu marido que é psicanalista, tenta ajudá-la a superar o luto levando-a para onde mais sente medo. Segundo ele, é a melhor forma de enfrentar a situação. Este lugar é uma floresta chamada Éden e é lá que a trama se desenrola. A mulher passa a viver entre realidade e devaneios, fazendo o sofrimento atravessar a tela.

Lars fez um trabalho maravilhoso. A primeira sequência (Prólogo), onde acontece o acidente com a criança enquanto o casal faz sexo, é brutalmente linda. Mostrada em slow motion – filmada com a câmera PHANTOM HD, que grava mais de mil quadros por segundo (alta velocidade) – em preto e branco , acompanhada de música clássica. Uma cena digna de choro, belíssima. Dividido em mais 4 capítulos e Epílogo, percebemos uma despreocupação com a continuidade e cortes brutos, o que foi maravilhoso e permitiu que o filme não ficasse arrastado. Usa-se muitos closes, planos incomuns, cenas fortes de embrulhar o estômago e áudio impecável. Willem Dafoe e Charlotte Gainsbourg – o casal, atuam sozinhos durante todo o longa, mostrando um trabalho magnífico de interpretação.

Ouvi muitas pessoas dizendo que as cenas de mutilação e sexo são gratuitas, mas discordo desta afirmação. Acredito que tudo foi colocado em seu lugar na densidade certa. Na verdade, quase tudo. Tem uma cena que pecou sim, mas esta não tem a ver com os temas citados e o motivo de detestá-la é extremamente pessoal. A obra soa como um grande quebra cabeça audiovisual. É recheado de dicas que se interligam e dão sentido ao que é mostrado. Há muito tempo não assistia algo tão desconfortável e maravilhoso. O filme é pesadíssimo, te toca profundamente e deixa agoniado. Traz tudo que a sétima arte pode e deve provocar: emoções.

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1 Comentários:

Blogger Diego Mesquita disse...

Gosto tanto de ler-te que acho que passarei a mero ledor. Cada vez que leio, vejo o quanto eu não faço o que um dia me propus.

Esse filme, em especial, apesar da sua congratulação, nunca me despertou nenhum interesse.

No cinema certamente não farei o incomensurável esforço de ir pra vê-lo. No torrent, talvez.

15 de setembro de 2009 às 20:05  

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