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domingo, 25 de março de 2012

Heleno - O príncipe maldito

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Impecável, Rodrigo Santoro honra a memória de Heleno de Freitas

A exemplo de O Artista, Heleno, de José Henrique Fonseca, recua no tempo ao ser rodado todo em preto e branco para contar a história de Heleno de Freitas, ídolo do Botafogo e craque sul-americano.


Temperamental e perfeccionista, Heleno levou suas paixões às últimas consequências. Desconhecia limites. Botafoguense, boêmio, genial e genioso, chegou à equipe profissional do Botafogo em 1937, clube pelo qual jamais conseguiu ser campeão. Por ironia, conquistou o Carioca de 1949 pelo rival Vasco.

Na tela, Rodrigo Santoro se entrega em atuação memorável - que remete à performance de Daniel Oliveira em Cazuza - O Tempo Não Pára. Para viver o craque, o ator teve de ter aulas de futebol e emagrecer 12 quilos.

Diretor do longa, José Henrique Fonseca consegue explorar o futebol - e sobretudo suas partidas - sem que parecesse caricato. Méritos também ao trabalho fundamental e minucioso de fotografia e maquiagem do filme sobre o craque que, a exemplo do Botafogo, parecia ter vocação para o fracasso.

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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Você já viu isso antes...

Drive, Inquietos e As canções

Para fechar o ano com chave de ouro, nada como aproveitar aquela saidinha do trabalho mais cedo para ir ao cinema. E para os apreciadores desta arte que souberem procurar, poderão desfrutar de grandes filmes em cartaz. Este post tentará fazer um comentário breve sobre 3 filmes lançados neste ano de 2011 feitos para agradar o grande público com estilo. Quando digo que foram feitos para agradar me refiro ao fato das histórias serem conhecidas, os famosos clichês. Entretanto, nas mãos das pessoas certas se transformam em obras interessantes e de qualidade. São gêneros distintos, públicos distintos, mas que trazem a marca do seu criador. 


No caso de Drive do diretor Nicolas Refn, vemos um filme de ação que poderia cair na mesmice de todos os blockbusters famosos. Na realidade a história é a mesma que todo mundo já conhece, mas a forma que Refn faz o filme é o que amplia sua qualidade. Aos que assistiram Bronson (2009) fica evidente as semelhanças e as preferências do diretor na construção de seus filmes.  Drive reúne o que há de melhor nos filmes de ação e ainda relembra os clássicos dos anos 70 e 80. Isto fica evidente logo no início quando nos deparamos com a apresentação do letreiro, onde a fonte é cursiva e rosa. É inevitável que o espectador seja arremessado diretamente ao passado e relembre de Footloose e Dirty Dance. Para corroborar esta ideia, ouvimos a trilha sonora retrô que acompanhará o filme inteiro. Em tempos de filmes de ação com franquias sem fim como Velozes e Furiosos, fico feliz em poder assistir algo atual que revisita o gênero. 
O filme é violento, o que causa um pouco de repulsa ao público que não gosta de ver sangue na tela, mas adora enfiar a cabeça pela janela do ônibus quando há algum acidente na estrada (e o pior: o sangue neste caso não é cinematográfico). Refn consegue fazer um filme sofisticado com a atuação de Ryan Gosling, que dá ao personagem um ar blasé, inspirado por uma miscelânea de “heróis“ do cinema, como: Don Corleone (pela voz), Travis Blake (pelo deslocamento social) e Stallone Cobra (pela pose e o palito de dente na boca). A fotografia é assinada por Newton Sigel que carrega em seu currículo outros action movies famosos.




Em Inquietos a história é mais do que repetida. Já vimos muitos casais apaixonados no cinema, sejam com finais tristes ou finais felizes. Embora este casal pareça esquisito por se conhecerem em um funeral, eles apenas existem para nos lembrar de como a vida é repleta de amor e morte. E isto parece ter sido visto em “Um amor pra recordar” que arranca lágrimas infinitas de muita gente até hoje. O mais apaixonante de Inquietos não é o casal que se forma e sim a maneira que Gus Van Sant conta a história com a ajuda do fantasma Hiroshi. O diretor se apropria da história clichê de amor, distorce levemente os personagens principais para causar um pequeno incômodo e por fim, tudo isto serve para que ele desfile suas habilidades cinematográficas. A matéria prima de Van Sant é a própria natureza. É nela que ele se debruça em seus belos planos. Esta relação não é meramente estética, aqui a natureza afirma a presença da morte e simultaneamente da vida. Embora o clima seja outonal, as árvores e os insetos sejam coloridos, eles carregam um ar sombrio reforçado pela fotografia. A beleza de Mia Wasikowska deixa o longa hipnotizante, somado ao humor do personagem de Ryo Kase (Hiroshi). Gus Van Sant abranda o clichê com seu estilo.



Com As canções de Eduardo Coutinho nos sentimos em casa. Para aqueles que conhecem o trabalho do mestre é fácil reconhecer sua forma de documentar o mundo. Coutinho mais uma vez utiliza como fonte a história oral e consegue criar um documentário brilhante. Desta vez as pessoas contam suas histórias a partir de uma música que marcou suas vidas. Cada personagem canta a música que o marcou, e Coutinho em nenhum momento utiliza de trilha sonora como apoio. Isto torna o filme cada vez mais profundo, onde cada canção cantada ganha uma significação diferente de acordo com a história referente. O diretor mais uma vez exalta a importância da oralidade resgatando histórias de pessoas comuns, misturando magistralmente arte e vida. Coutinho é brilhante mais uma vez transformando a fugacidade da oralidade em registro consistente.

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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Triângulo Amoroso

Tom Tykwer, diretor de Corra Lola, Corra! traz em seu novo filme uma temática polêmica: o relacionamento poligâmico, ou como no bom francês o famoso "menage-à-trois". A montagem marcante de Triângulo Amoroso feita por Mathilde Bonnefoy - que já trabalhou em outro filmes de Tykwer -, ressalta o caos de Berlim e dos relacionamentos humanos, além de fugir da construção visual comum.


O longa varia do cômico ao trágico várias vezes e beira a monotonia em alguns momentos. Entretanto, os personagens são instigantes e não nos permitem perder o interesse pela trama. Simon e Hanna personificam o casal incomum (ou seriam muito comuns?) que estão juntos há tempos e precisam de uma injeção de vida no relacionamento. Neste momento conhecemos o terceiro elemento do romance, Adam, que não por acaso é um especialista em fertilização. Todas as alegorias estão formadas para arrancar muitas risadas do público, em algum momento uma lágrima e talvez uma reflexão sobre nossas relações monogâmicas, que em muitos casos não são tão sinceras como dizem por aí.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O Mistério de Natalee Holloway





Salve-se quem puder! O Mistério de Natalee Holloway (Natalee Holloway) é uma das maiores bombas dos últimos anos. Piadinhas infames a parte, o filme traz tudo de pior que pode haver, exceto pelo argumento, mas que de nada adianta se as outras partes não se encaixam.


Baseado em fatos reais, a trama gira em torno de Natalee Holloway, que, após uma viagem de formatura para Arruda, é sequestrada e, desde então, não tem se tem mais notícias da garota. A partir daí chega mãe, pai, padrasto, imprensa, polícia e etc. na tentativa de obter respostas.


Com uma história envolvente, o resultado tinha tudo para ser, no mínimo, satisfatório, mas nem isso acontece. A película dirigida por Mikael Salomon começa por mostrar, de maneira frustrada, a rotina de Natalee e suas amigas, em cenas de dar inveja a qualquer filme de Hannah Montana. Um equívoco enorme.


O pior fica por conta da mãe, Beth Holloway-Twitty (Tracy Pollan), e sua tentativa de encontrar a filha. Juro que li na capa do DVD que a atuação dela era digna de elogios. Na mesma hora pensei que havia alugado o filme errado, mas não, era a mesmo Tracy Pollan, fazendo um desserviço enorme ao cinema, em cenas de dar pena...ao telespectador. Tracy tem uma atuação muito abaixo da média, mas ainda sim anos luz a frente do elenco secundário.


Ainda vale citar a desenfreada e irritante choradeira da personagem Beth Holloway-Twitty, os diálogos medíocres e monólogos de Tracy Pollan, no melhor estilo novela das nove. Um festival de erros. Não preciso nem comentar a direção amadora de Mikael Salomon, que evidentemente é uma afronta ao bom gosto.

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Amor e Ódio


Como não se emocionar com filmes que retratam o Holocausto? Em Amor e Ódio (La Rafle) não é diferente. Talvez este ainda seja o principal motivo pelo qual ainda existam filmes sobre a Segunda Guerra Mundial e suas diversas histórias - marcadas, principalmente, pelas atrocidades dos nazistas com relação aos judeus -, afinal, não há mais muito que contar. Este fato histórico é provavelmente um dos mais adaptados para o cinema.

É preciso então focar em outros segmentos, como por exemplo, as atuações ou acontecimentos específicos, mas a ponto de tocar cada um que assiste. O filme dirigido por Roselyne Bosch trata designadamente da difícil vida dos judeus na França no ano de 1942, e ainda contrasta com a rotina prerrogativa de Hitler. Tudo isso de uma forma extremamente competente.

Além do roteiro bem desenvolvido, os atores são os que mais contribuem para o sucesso do filme. Jean Reno dispensa comentários, e o elenco de coadjuvantes também é um grande trunfo. Mas quem brilha mesmo é Melanie Laurent! Suas lágrimas sinceras – vistas também recentemente no excelente O Concerto – dão a devida qualidade ao clímax e epílogo do filme. Sem sombra de dúvidas uma das maiores revelações do atual cinema francês.

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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Contágio


Responsável por filmes como Traffic e Onze Homens e Um Segredo, Steven Soderbergh nos presenteia com mais uma brilhante obra. Assim como nos dois filmes citados acima, o diretor novamente trabalha com um elenco de peso. Laurence Fishburne, Matt Damon, Kate Winslet, Marion Cotillard, Jude Law e Gwyneth Paltrow são alguns destes nomes, que, inegavelmente, garantem o sucesso maior do filme, além da direção competente de Soderbergh.

Filmes apocalípticos há aos montes, especialmente, se o motivo for uma epidemia de vírus, mas a forma como Contágio (Contagion) é contado é que o diferencia dos demais, pois o foco no drama humano é carregado de tensão e falsas expectativas, com personagens muito bem desenvolvidos por Soderbergh.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A pele que habito


Brilhante, mil vezes brilhante. Não tem nada a ver com ser fã de Almodóvar, mas sim em reconhecer a genialidade de alguém. Significa afirmar a qualidade de um diretor que está a algum tempo produzindo e ainda consegue nos surpreender com injeções de novidade. Que experiência maravilhosa foi assistir A pele que habito. Eu sei que estas palavras estão carregadas de paixão, mas não há como escrever de outra maneira. Dessa vez, Almodóvar carrega sua paleta de cores para um tom mais sombrio onde predomina o azul – já muito usado em filmes policiais – e o vermelho que é sua marca registrada. A mulher continua sendo uma figura insubstituível, mas aqui não importam mais os gêneros, vamos além, no que há de mais profundo no ser humano. O amor, a vingança, a ambição lutam por seu espaço.

Durante a trama visitamos o passado do protagonista interpretado por Antônio Banderas e a partir dos flashbacks podemos enxergar o presente com mais clareza. Cada volta ao passado muda completamente a perspectiva sob a história e isso torna o filme muito emocionante. O público vai ficando cada vez mais íntimo da película, deixando sua superfície e revelando aos poucos a escuridão desta novela de Thierry Jonquet. O passado do brilhante cirurgião plástico é assombrado por uma tragédia e a partir daí ele passa a se dedicar à criação de uma pele sintética resistente a qualquer tipo de dano. Para isso ele mantém presa em sua mansão uma paciente que é vítima desta obsessão e testes incessantes.

Não contente em se inspirar na novela de Jonquet, o diretor faz referências pontuais, colocando em seu cenário uma Vênus gigantesca – representação clássica da mulher ao longo da História da Arte –, especificamente a “Vênus de Urbino” pintada por Tiziano, um dos grandes nomes do Renascimento. Não obstante, coloca ao lado do clássico renascentista a artista Louise Bourgeois* (1911 – 2010) que explora em seu trabalho (brilhante) as subjetividades do “eu”.

A parte técnica de Almodóvar é sempre impecável, salvo os filmes de começo de carreira que seguiam uma linha underground por motivos óbvios. Este texto merecia ser detalhado devido a grandiosidade da obra. Entretanto, paro por aqui na esperança que os que me lêem e ainda não puderam assistir, assistam e consigam atingir o mesmo grau de excitação que eu alcancei. Fica aqui este comentário minúsculo acerca da imperdível obra-prima criada pelo diretor espanhol.

*Louise Bourgeois está exposta no MAM (Rio de Janeiro) no período de 16 de setembro a 13 de novembro de 2011. Vale a pena conferir.

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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O segredo dos seus olhos

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Arrebatador como de costume, Ricardo Darín comanda a película de Campanella

Nas telas no ótimo Um conto chinês, Ricardo Darín encheu a tela há dois anos em O segredo de seus olhos, baseado no livro homônimo de Eduardo Sacheri. No thriller dirigido por Juan José Campanella, Benjamin Esposito (Darín) é um funcionário do Tribunal de Buenos Aires intrigado com um caso de morte de uma jovem.

Em comum com Roberto, seu personagem em Um conto chinês, Darín compõe, em O segredo..., outro homem com dificuldades de se relacionar, externar seu mais puro sentimento, ao sexo oposto. Violinos dão o tom melancólico da soberba adaptação de Campanella, que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro.

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O Palhaço


Em busca de uma identidade e um ventilador, o palhaço Benjamin atravessa o filme com o rosto mais triste que poderia ter. Selton Mello conseguiu destoar da produção do cinema brasileiro em seu novo longa metragem O Palhaço, esta que estamos cansados de conhecer com sua estética de filme B, elenco 100% global e aquela falta de criatividade insistente.

O segundo filme do diretor/ator traz alguns belos enquadramentos, uma trilha agradável, cores (como não poderia deixar de ter, já que se trata de um filme sobre arte), bom humor, mas o persistente clichê. Vivo me perguntando quando vou sair realmente surpreendida do cinema com um filme nacional. Acho que a última vez que isso aconteceu foi quando assisti "O Cheiro do Ralo" (que por um acaso também é com o Selton Mello) ou ainda quando revi "Deus e o Diabo na terra do sol" de Glauber Rocha. Quando vamos fazer mais filmes assim? O que somos sujeitados a assistir é sempre o mais do mesmo, e depois de tanta porcaria as pessoas param de ter o mínimo de discernimento do que é bom e ruim, e começam a engolir tudo que vêem pela frente. Essa reclamação também vale para os pastelões americanos que são insuportavelmente repetitivos, mas consumimos quase por osmose.


O Palhaço traz uma experiência interessante para o público massificado que vai ao cinema para se entreter, carrega questões interessantes, embora não muito exploradas no longa, mas se resolve de forma à acalmar o coração dos espectadores, quando o que deveria era causar algum tipo de incômodo. No fim das contas é isto que falta no nosso cinema: aquele filme soco no estômago que trata do que acontece, mas as pessoas se negam a enxergar - seja em qualquer aspecto da vida. Não precisa ser apelativo, nem ter uma linguagem esquizofrênica, mas sim tratar o público como pensante e capaz de apreciar um filme sem que as coisas sejam mastigadas e explicativas o tempo todo. Fazer isso é insultar nossa inteligência. Quero ver filme brasileiro sim, ter orgulho do cinema no meu país, mas isso só acontecerá quando a sétima arte for usada pra dizer alguma coisa e fazer pensar. Esperei muito deste filme, me decepcionei um pouco, mas indico como diversão para os corações aflitos.

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domingo, 30 de outubro de 2011

Karatê Kid

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Cúmplices, Jackie Chan e Jaden Smith levam a platéia às lágrimas

Cantor, dançarino e ator, Jaden Smith, que debutou no cinema em À Procura da Felicidade, prova, em Karatê Kid (The Karate Kid, no original), que herdou de Will Smith muito além da inegável fisionomia. Jaden compõe seu personagem (Dre Parker) na medida certa do drama ao contracenar com Jackie Chan, em atuação irretocável. Juntos, Jaden e Chan emocionam.

Diretor do longa, Harald Zwart sugere o tatame aos espectadores para ensinar, através do kung fu, princípios fundamentais da vida. Estonteante, a fotografia da obra valoriza cada milímetro das belezas naturais da China, o que resulta em uma peça senão superior ao clássico oitentista, no mínimo equivalente.

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